sábado, 24 de julho de 2010

Olhos de onça (Luana A)


   Olhos de onça naquela noite me olharam. Em meio a música alta, em meio a pessoas levemente alteradas pelo álcool e sabe-se lá mais o que, em meio a tantos outros olhos, foram os seus que eu olhei.

   Sem nem saber o que esses olhos poderiam causar fui de encontro à eles. Forte, confiante, decidida. Nem perguntei seu nome e já toquei seus lábios. Toquei. Beijei.

   Impulsos já feitos não tem mais volta.

  E toda aquela força se foi. Derreti. Derreti em seus braços até às três e meia da manhã. Ambas desejando derreter ali pra sempre, desejando não precisar ir embora. Só desejando.

  Você se foi sim, mas deixou muitas coisas em mim. Deixou seu suor, seu olhar, seu gosto, seu cheiro, seu toque, sua língua, seus lábios, seus beijos. Deixou meu coração na boca e me deixou despida em pensamento na vontade de vê-la assim também.

  Não vou esquecer daquela cena jamais. Foi bem como lhe disse. No momento em que seus olhos selvagens olharam pra mim e eu senti penetrar, fugiu tudo de cena. A música silenciou, as pessoas sumiram, surgiu um foco de luz em você dançando, música angelical tocando levemente de fundo e acordei dessa breve alucinação com um empurrão de uma estranha.

  Ai, olhos de onça!

  Desejaria ter seu corpo colado no meu outra vez selado com suor. Suor de dança misturado com suor de tesão! Tem coisa melhor?

  E que tesão!

  Ai, olhos de onça!