segunda-feira, 30 de abril de 2012

Minha rosa.




Lembro-me como se fosse ontem o dia que eu conheci a menina na qual sou apaixonada. A fiz andar de salto a paulista toda, pra chegarmos em um bar e eu não tomar iniciativa nenhuma. Conversávamos sempre por sms e combinamos outro dia pra sair, fomos no cinema assistir um filme chamado Melancolia, conhece? Então, filme bacana e tal, mas meu pensamento estava mesmo nela, em beijá-la, em criar alguma forma de situação, de clima para poder beijá-la. Não me lembro como a beijei, acho que dei um beijo no rosto,
ela entendeu, virou o rosto e me beijou e meu mundo girou! Até esqueci que a sala do cinema estava cheia e que tinha uma senhora de idade do nosso lado. Um beijo gostoso, lento... um dos meus melhores beijos, certeza. Eu não sei se era muita timidez para pouco nós, não sei se era muito orgulho ou se era ''vou deixá-la tomar todas as iniciativas'' de ambas as partes ou se era apenas aquele momento que você pára e pensa: ''porra, isso foi bom. O que será que significa?'', uma coisa meio surreal. Meio que depois desse beijo, o mundo pareceu mais macio de se pisar e mais fácil de se encarar. Nos vimos outras vezes depois sabe?
Tava meio estranho a gente ficar sem se ver, pelo menos pra mim. Mas um dia, eu fiz uma besteira. Fui para uma festa e acabou acontecendo de beijar outra pessoa. Ela não estava la, e talvez nem queria ir, brigamos por isso, e foi tudo tão rápido que quando vi a menina ja tinha me beijado. Me arrependi, logico. E não pus a culpa nela por ela não ter ido, isso não justifica sabe? Pedi desculpas, lhe dei uma rosa, ela me perdoou e eu continuei dizendo que faria de tudo para reparar esse erro. Mas, talvez ela não queria mais, talvez ela me perdoou por não querer mais e nosso relacionamento indefinido foi esfriando, ela foi mentindo cada vez mais pra mim e eu terminei com ela. O que foi super doloroso pra mim, gostava dela de verdade, estava disposta a dar meu mundo à ela, enquanto ela não estava preocupada comigo ou pelo o que sentia por mim! Ela tentou contato algumas vezes comigo, ignorei por medo de ceder, porque eu sempre cedo no final. Sabia que se eu lesse as mensagens que ela me mandava com aqueles erros de digitação que a faziam ser a coisa mais linda do mundo, eu iria ceder. Sabia que se eu respondesse, ela saberia um jeitinho de me deixar tonta e acreditar de novo. Sabia que se ouvisse a voz dela, derreteria e por consequência cederia.

Mas claro, os meses se passaram, a tratei com muita frieza e indiferença, com grosseria e coisas desnecessarias para ver se ela se irritava me mandava tomar no cu e sumisse da minha vida, seria menos doloroso que tê-la e não poder tê-la realmente de fato. Porque eu sabia e sempre soube que ela dava mais
prioridade ao trabalho dela do que a qualquer outra coisa ou pessoa. O que não é ruim, ela sabe que o que eu mais admiro e mais me orgulho nela é essa sede de trabalhar e crescer na vida, querer ser independente e tenho quase certeza que eu não estou nos planos de futuro dela. E por ter essa tamanha dedicação por sua vida trabalhística que sei que ela não vai mudar tão cedo, nem por mim, nem por ninguém. Não a culpo. Só tenho esperanças de que ela consiga organizar melhor o tempo dela e que nesse tempo tenha um espaço pra mim, quem sabe, um dia, talvez... duas horas que seja né? Já basta!

Eu e ela ficamos um tempo brigando, sem se ver, só discutindo incansavelmente, não que não cansasse, cansava e como cansava, acabava comigo, o que não cansava era minha vontade de tê-la de novo e que desse tudo certo dessa vez. [...] Terminamos implicitamente. Fiquei com outra menina que aparentemente me faria esquecer ela e que gostava de mim. Um dia ela apareceu em uma festa, sem eu saber. Foi um choque tão grande pra mim, fiquei desnorteada. Fazia tanto tempo que não a via e ela estava tão, mas tão linda. Estava tão linda que seu corpo me dizia: ''Que saudades eu estava de você''. E eu também estava, muita saudades. E ela estava e na ânsia de matar a saudade, tentou me beijar. Recuei. ''Não podia, ou não queria, ou já não sabia mais como voltar atras'' foi o que disse Caio Fernando em um de seus textos e foi o primeiro pensamento que me veio na cabeça na hora. Não, não a beijei. E você sabe o quanto isso me doeu? Sabe o quanto eu me segurei para não chorar? O mundo que parecia duro novamente para se andar, ansiava por aquele momento e eu não quis.

E eu achei que nunca mais poderia voltar atras, estava me achando mais forte e chegou a passar pela minha cabeça em um milésimo de segundo que eu havia esquecido-a e que ela não passava de uma garota do meu passado. Errei. Mensagens durante a madrugada dizendo que sumiria da minha vida, e depois dizendo que me amava me fizeram entrar em um colapso, chorei. Chorei muito, dramatizei mais um pouco pra chorar mais, chorei até vomitar de tanta força que fazia no meu abdomen que se contraia de dor. Falei
naõ varias vezes pra mim, ''não luana, você não pode. não luana, esquece. não luana, ela não merece''. Me bati na esperança de me apagar e depois acordar sem lembrar do porque fiz isso. Disse não pra ela, mandei ela embora, falei pra ir logo e acabar com isso. Ela não foi, eu não fui. Metade ficou, metade se foi.

Minha rotina a partir daquele dia se tornou em: pensar, pensar, pensar, pensar. E pensar mais uma vez para ter certeza. E tive. Disse para mim mesmo: Vou jogar todas as minhas cartas, todas as minhas chances, minhas possibilidades, minha paciência e minhas roupas em uma mesa pra ela. Me desnudar, desnudar meus sentimentos, me mostrar pele e osso, carne e sangue, querendo dizer que tudo aquilo é dela e mostrar que quero começar do zero, esquecer tudo que ela fez ou deixou de fazer. E querendo que ela esqueça tudo que fiz ou deixei de fazer. Só tem uma coisa que eu espero que ela não tenha esquecido e que não esqueça. No dia que entreguei a rosa pra ela, ela tinha comentado que não gosta de rosas. E eu me lembro de ter falado à ela que da próxima vez daria sementes de rosa. Sabe por que? Rosas não são flores fáceis de cuidar, assim como o amor entre duas pessoas. Disse a ela que daria as sementes, ela plantaria no quintal dela e cuidaria para a roseira começar a crescer, assim como o que nós sentíamos uma pela outra. E quando crescesse a roseira, ela cuidaria mais ainda para não morrer, assim como o que nós sentíamos uma pela outra. Será que ela lembra disso? Será que arrisco comprar sementes de rosa pra ela? Será que ela aceitaria as sementes como chances para nós? Será que ela cuidaria? Será que ela me aceita de volta?