segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A superioridade das mulheres

'[...] -Mulheres, Mestre? Acho que é uma má escolha.
-Por que?- questionou-me
Antes de eu responder, o Boquinha de Mel felizmente saiu em minha defesa:
-Elas não aguentarão o tranco. Como dormirão embaixo da ponte?
-Que banheiro usarão Em que espelho se arrumarão?- ponderou Salomão. Mas, o mestre retrucou:
- Mas quem disse que elas necessitam deixar o próprio lar para nos seguir? Afinal de contas, cada ser humano deveria vender sonhos no ambiente em que se encontra, seja para si mesmo ou para os outros.
Dessa vez, suas palavras não nos aliviaram. Não admitiamos que uma mulher pudesse participar do grupo, ainda que parcialmente. [...] Infectados pela discriminação, pensávamos que as mulheres, diminuiriam nossa audácia.
[...]Edson também não suportou a proposta do Mestre. Usou seus conhecimentos sobre teologia para dissuadir-lhe as intenções.
-Mestre, Buda chamou aprendizes, Confúcio teve homens como seguidores, Jesus chamou discípulos. Como você quer chamar mulheres para segui-lo? Olhe para a história! Não vai dar certo!
Todavia, o Vendedor de sonhos perguntou contundentemente ao nosso teólogo:
-Quando o mestre dos mestres chamou seus discípulos, onde os colocou: no centro ou na periferia do seu plano?
-No centro, é claro!- Respondeu sem titubear.
- E as mulheres?- indagou, testando-o.
Edson pensou refletiu, pôs as mãos na testa, pois sabia que poderia cair em contradição. E, depois de um prolongado momento anaítico, respondeu com argúcia:
-Não posso dizer que na periferia, pois elas lhe davam suporte material, mas não estavam no centro do trabalho, pois não participaram ativamente do seu projeto.
O mestre novamente olhou pra ele e depois para todos nós
-Errado! Elas sempre estiveram no centro do seu projeto. Em primeiro lugar, segundo as escrituras, Deus não escolheu uma casta de fariseus, de sacerdotes ou de filósofos gregos para educar o menino Jesus, mas uma mulher, uma adolescente não contaminada com o sistema masculino vigente. Em segundo lugar, a primeira pessoa a anunciá-lo na Palestina foi uma mulher, a mulher samaritana. Ela viveu uma vida promiscua, teve muitos homens, mas as palavras dele saciaram sua sede interior. Determinada, reuniu seu povo e falou do homem que a comovera. Uma prostituta foi mais nobre que os líderes religiosos do seu tempo!
[...] O Mestre não contente com nossa masculinidade preconceituosa, investiu ainda mais. Perguntou novamente para o nosso teólogo de plantão:
-Diga-me, Edson. No momento mais importante da vida de Jesus, quando seu corpo tremia na cruz e seu coração claudicava, onde estavam os homens, no centro ou na periferia do seu plano?
Edson, sem cor, demorou a responder. E nós ficamos rubros. diante do silêncio, o Mestre reagiu:
-Seus discípulos eram heróis quando ele abalava o mundo, mas oram convardes quando o mundo desabava sobre ele: calaram-se, fugiram, negaram, traíram. Os homens são mais timidos que as mulheres.
Num ímpeto sociológico, retruquei-lhe:
-Mas eles não fazem guerras? Não empunham armas? Não fazem revoluções?
Porém a resposta veio sem titubear:
-Os fracos usam armas; os fortes usam o diálogo.- Em seguida fez a pergunta que mais temíamos: -Onde estavam as mulheres quando Jesus morra?
Sem muito entusiasmo, nós que conhecíamos a história dissemos:
-Próximas da cruz.
-Mais que isso, estavam no epicenro do seu projeto. E sabem por que?! Porque as mulheres são mais fortes, inteligentes, sensíveis, humanas, generosas, altruístas, solidárias, tolerantes, companheiras, fiéis, sensatas do que os homens. Basta dizer que 90% dos crimes violentos são cometidos por homens.



(Trecho retirado do livro: O vendedor de sonhos de Augusto Cury)

Nenhum comentário:

Postar um comentário