sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O que teu corpo rejeita

E de novo me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim. Sem urgências e me concentro inteiro nas coisas que me contas e assim, calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar alem dessa mascara colorida. Que me queres assim porque é assim que és unicamente assim é que me queres e me utilizar todos os dias. E nos usamos honestamente assim, eu digerindo faminto o que teu corpo rejeita.

(Caio Fernando- os dragões não conhecem o paraiso)

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