domingo, 10 de outubro de 2010

Quase um livro


    Lembro claramente a primeira vez que você foi espontânea comigo. E é claro que foi na primeira vez que a gente se viu. Eu estava atrasada. E em meio a um monte de pessoas, eu te vi. Mas meu olhar em você foi interrompido com um abraço de uma amiga minha. Mas, não perdi muito tempo não! Já larguei os braços da minha amiga e fui para os seus. Não desprezando nunca o abraço dela, apenas queria o seu. Não sei porque. Não estava esperando te ver tão cedo, naqueles dias eu estava com a minha atenção voltada para outra pessoa. Mas foi inevitável não ter minha atenção presa a você!
    Fui ao seu encontro. E você abriu os braços e fez aquela carinha que só você sabe fazer. Um sorriso sem mostrar os dentes, franziu o nariz e os olhinhos ficaram em forma de arco. Talvez tenha sido nesse momento em que eu tinha me interessado. Me interessado em passar alguns minutos que fossem com você.
    O abraço foi bem aconchegante, bem quente. Corpo no corpo. Meu nariz no seu cabelo sentindo seu cheiro. Você é menor que eu, então encaixou como deveria encaixar. No dia estava frio, muito frio. O abraço me esquentou um pouco.
    Depois de quase uma madrugada juntas tentando evitar o interesse mútuo- claro que nenhuma ia dar o braço a torcer- comecei a sentir uma coisa estranha. Enquanto jogávamos bilhar, apareceram uns caras bêbados, afinal era 3h da manhã. Como estávamos jogando só em mulheres, além deles desprezarem o nosso lindo dom para jogar, tive a leve impressão de que eles estavam dando em cima de você. Senti um incômodo bem chato. Acho que não demonstrei. Mas, essa foi a deixa.
     Aproveitei pra me aproximar. Sentei ao seu lado, quase que forçadamente por conta das circunstâncias em que estávamos. Mas, foi um passo importante. Eu dei o primeiro. O segundo você que deu. Pegou minha mão e disse: ''Sua mão é muito gelada.''. E ficou esquentando ela. Quando ficou quente, trocou e pegou a outra e repetiu o carinho.
     O terceiro passo nós que demos. E entrelaçamos nossos dedos no frio da rua Augusta em direção à algum outro lugar.



[CONTINUA]

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